Não há nada de errado com os clichés, são pontos de referência, marcas que definem um género pela sua grande capacidade de representatividade.
Da próxima vez que alguém se levantar com o dedo inquisitório a julgar que descobriu a pólvora e a acusar alguma coisa de ser um cliché que se lembre também que a originalidade não é senão uma tentativa (muitas vezes vã) de se demarcar de uma matriz.
E porquê este texto introdutório defensor dos lugares comuns e do passado? Porque a música que segue é um grandessíssimo cliché. A primeira coisa que nos ocorre são as orquestras de Filadélfia dos anos 70, casacos de peles e o barco do amor. Não é por isso que deixa de ser um perfeito exemplo de uma das âncoras que os estetas da soul atual utilizam para criar a contemporaneidade do género.
"originality consists in returning to the origin" -Gaudi
Descobri recentemente, que se consegue fazer uma mixtape alusiva ao Natal, com 11 músicas e sem que nenhuma soe acessória. Do convencional "cover" interpretado por nomes mais indie , até exercícios de arrojado futurismo e bom gosto, está aqui algo que não devem perder. Para os mais distraídos , o Natal foi há umas semanas. Take care .
Os Radiohead estão aí de novo, agora com uma distribuição do seu trabalho um tanto invulgar, mas que de certeza vai contribuir para a revolução do mercado da distribuição musical. Ainda só ouvi um tema "All I Need", mas gostei bastante. Nas palavras da "Pitchfork" está muito mais "user friendly" do que os registos anteriores, algo que já era reclamado por muitos fãs, depois dos desvios mais conceptuais que ultimamente tomaram.